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Silueta da Noite no Campo
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Publicado em 18/04/2025 07:47
O Campo

Quando o sol mergulha atrás do fim do mundo e o céu se veste de azul profundo, é que nasce, em silêncio, a silhueta da noite no campo. As coxilhas onduladas, como mares de terra adormecida, se estendem suaves, embaladas por um vento morno que ainda sussurra os últimos segredos do dia. Nas dobras da paisagem, o gado se recorta em formas lentas, quase estáticas, sombras vivas sobre a pele escura do pasto. Cavalos, em repouso ou trote leve, parecem pinturas movidas pela brisa, seus contornos se confundindo com os galhos de algum capão de  mato.
Ao longe, onde a terra beija o céu, a linha do horizonte se apaga em um verdadeiro mistério, traço fino desenhado com a pena do Arquiteto Maior do universo.
Cada árvore, cada cerca, cada pedra, é pincelada com cuidado divino, como se a noite fosse um quadro inacabado e eterno. As estrelas começam a despontar, tímidas, piscando entre véus de nuvens dispersas, e a lua, soberana, derrama prata sobre o mundo quieto.
É no campo, nesse instante em que o escuro se assenta e o tempo parece parar, que se percebe o milagre da criação em sua forma mais pura, um mundo de sombras vivas, desenhado com luzes que não ferem, mas revelam no silêncio que canta mais do que mil vozes.
O cheiro da noite é outro, mistura de terra fria, resina dos matos e o suor calmo dos animais. Não há pressa no campo escuro. Até o tempo troteia lentamente, respeitando o compasso antigo do universo rural. As cigarras cessam seu canto para que os grilos iniciem o seu, e os galhos rangem sob o peso invisível da brisa, como se contassem histórias velhas para quem souber escutar. Cada som é nítido, puro, como se a escuridão fosse um manto que depura o mundo.
Sob esse céu sem muros, o homem se sente pequeno, mas inteiro. Nenhuma luz de cidade, nenhum ruído de pressa. Apenas a amplidão e o sossego. A noite no campo não precisa explicar nada, ela apenas é, profunda e verdadeira. É um santuário sem paredes, onde o espírito repousa em paz, abraçado pelo horizonte que nunca dorme. E lá, nas sombras que dançam leves entre coxilhas, macegas e galhos, percebe-se a assinatura do Criador em cada linha sutil.


...Na noite do campo,
Deus desenha em silêncio
A luz, calmo lampejo,
E cobre o verde campo. 
Em paz, sereno tempo...

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