Nas ânsias consumidas e distâncias percorridas, as lições de quem já carregava a melena tordilha e um punhado de rugas na face...
Citando Silvio Genro – Poeta Gaúcho: “Tem certas coisas na vida que deveriam ficar, do jeito que sempre foram...”
Por ter muito de um avô campeiro e barreiro em mim, vou rebuscar algumas passagens, entre fatos e ficção, em que avô e neto se deparam com questionamentos intrínsecos a curiosidades joviais de quem tenta descobrir o mundo em que habita, com ilustrações sob a ótica do rude campeiro.
Abram as mentes para o pitoresco e viajem comigo...
“Numa manhã qualquer, de um dia qualquer do mês e ano qualquer do passado, enquanto meu avô Don Barulho mateava ao lado do fogão campeiro, eu, guri arteiro e curioso, de tanto escutar a gente que volta e meia entrava e saia da casa, perguntei: De onde vem essa expressão “CHE” e o que significa?
Don Barulho, trouxe de dentro de sua alma, em sua parcimônia peculiar as palavras para entregar ao neto: “Todos dizem saber de onde vem, mas sempre puxando a brasa pra perto do seu assado, estratificar o conteúdo, poucos conseguem. O che (assim, sem o “T” na frente, isso foi a gente que inventou) tem uso em toda a américa sulina e ainda conexão com a europa. Essa conexão, porém, é duvidosa, já que as fontes de pesquisa não são confiáveis. A avó de teu avô já dizia que uma nação de aborígenes primitivos do Chile, carrega no nome a própria palavra, os Mapuche que traz em seu significado, no dialeto araucano, o pertencimento ao lugar, gente da terra (che – gente / mapu – da terra). Não se consegue sustentar essa versão por falta de registro, daí abrem-se as portas do achismo.
Outros defendem que “Che” vem do Guarani, que significa “Eu”, primeira pessoa do singular, podemos trazer como exemplo o “che irú” que significa meu amigo, meu irmão, nós usamos a palavra como xirú.
Existe um especialista na Argentina, o senhor Santiago Kalinowski, que é diretor do Departamento de Investigações Linguísticas e Filosóficas da Academia Argentina de Letras que afirma ser a palavra “che” muito antiga, mas de origem etimológica incerta.
Nos idiomas tehuelche e pampa “che” significa homem, e conforme muitos habitantes da região, não tem nenhum uso vocativo ou expressivo.
Ainda existe a teoria do uso trazido de Valencia. Valencia estabelecida na costa do mediterrâneo, é conhecida como a terra dos “ches”, pois é muito comum até hoje, ver os locais se chamando por “che”.
Para outros estudiosos, pode ter vindo da Itália, da região da Lombardia, onde a expressão tem os mesmos significados e conotação que daqui.
Vemos aí que pode ter sido de todos esses lugares e povos, mas que defendo sempre é que, os primitivos têm desvantagem frente aos outros povos. Fácil de entender o que falo, os povos primitivos geralmente não tinham escritas, seu dialeto e forma rudimentar de vida, não lhes legara o entendimento de registrar em papéis sua forma de vida, seus usos e costumes, sua cultura se estanca pelas proezas insanas e sangrentas dos “grandes conquistadores”.
Hoje meu neto, onde há historiadores que buscam a verdade, não são pagos por reis para escreverem as suas verdades, começam a aparecer as visões claras do que foram as conquistas de terras pelos povos do velho mundo, quantas vidas custaram essas posses. Que sejamos sempre perdoados pela destruição dessas raças”.